light gazing, ışığa bakmak

Tuesday, June 15, 2010

"Lebanon" de Samuel Maoz

um filme de guerra, não apreciado por parte da crítica que não lhe vê qualidades para o Leão d'Ouro que ganhou, um filme de anti-heróis. quando se quer recomendar um filme de guerra usa-se o adjectivo 'realista', como se este género implicasse realismo. em "Lebanon" vi a guerra como a vejo eu que nunca estive em nenhuma. também vi o que eu penso sobre a guerra em geral, que é escusada sempre e sem qualquer tipo de excepção.

o filme é israelita, como são as personagens centrais, mas podiam ser de qualquer outro país no seu realismo: personagens em conflito com um mundo exterior perigoso e inclemente que se movimenta inexoravelmente como um tanque. o homem só, indefeso, perdido, fechado no seu casulo num mundo sem sentido. este tema é antigo, a aproximação ao tema a partir de um ponto de vista particular, o olho do tanque é, talvez, novo.

"Man is steel. A tank is only iron.", diz uma placa no tanque e é a contrariar esta frase que todo o filme se desenvolve, tão frágeis como girassóis no campo, tão frágil a vida. numa observação extra-cinema, agrada-me que Samuel Maoz tenha dedicado quase duas horas de filme a provar a estupidez extrema da guerra -matar porque sim, matar outros, fazê-los sofrer, matá-los de toda a maneira que se possa pensar, destruir tudo, acabar com o outro sem razão - quando é oriundo de um país que existe sentado nessa premissa, a guerra somos nós, sem guerra não existimos.


mais, aqui. gostei sim, muito.


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