light gazing, ışığa bakmak

Sunday, June 20, 2010

"multidão transparente"

como a diz Cortázar com o seu escalpelo. em Madrid, capital do império, as multidões transparentes agitam-se frenéticas e a luz de grandes estátuas épicas convive com cardumes de desalojados a dormir em todas as esquinas, escondidos atrás de cada pedra como moreias. e saltimbancos, malabaristas, homens-estátua e homens sem cabeça, tocadores de copos com água, monstros alados, pintores de retratos, massagistas chineses, vendedores de bugigangas africanas e falsas Vuitton. no Mercado de San Miguel, pequena catedral de ferro forjado, as mãos têm copos de vinho tinto, bocadillos, tapas, jamón, gelados. a voz da casa é La Alcachofra.


a grande homenagem que se faz ao Saramago é lê-lo, afirma Manuel Alegre antes de subir as escadas onde vai conviver com a morte, um pouco. em Lisboa serão cinzas. não fossem sequer os livros, é a história de amor que me apanha, de cada vez.

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