ia vendo a natureza volátil das cidades. da praça dom luís I sei só de uma máquina de telex antiquíssima, de fita perfurada, e do bater furioso das teclas. os melhores dispensavam a fita e escreviam ao vivo, uma ligação a outro lado em qualquer parte que era ainda cheia de símbolos e de etiquetas. não se parava. ela era a corredora de fundo da empresa, sempre ligada ao estrangeiro, pelas pancadas dos dedos (o seu piano) e das letras enfileiradas, agora pretas agora vermelhas. uma praça inteira destilada em fita perfurada sem ligação ao mercado da ribeira ali ao lado no mapa, mas noutro país, o das madrugadas de pão desfocado e o ruído intenso das flores e das caixas de verduras. ou o primeiro andar da vinte e quatro de julho, noutra galáxia, de tectos altos e paredes gastas pelo arquivar infinito de papéis inúteis. os turistas sentam-se na esplanada da Brasileira a olhar para outros turistas que passam tentando adivinhar se são locais se são iguais, mas ignorando a barata imensa que se escapou para dentro do meu saco de livros e que depositei algures no instituto britânico depois de uma subida heróica pelo bairro alto. tantas Brasileiras como sacos ou olhos ou turistas.
light gazing, ışığa bakmak
Wednesday, July 21, 2010
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment