light gazing, ışığa bakmak

Thursday, August 19, 2010

desaparecer no final do diário

no abismo, com Musil. um pouco dramático, mas um belo final para a deambulação literária. no caminho ficou: "Na brancura da brisa e da luz de Lisboa, os cinzentos são verdes, e o mundo, imerso no curso do tempo, parece perfeito."

e

"Que lástima. Gostarias de ter voltado com os pulmões queimados pelo ar marinho e bronzeado pelos climas perdidos, voltar à tua cidade depois de teres nadado muito, depois de teres segado a alta erva e teres caçado leões e, sobretudo, depois de teres fumado como nunca ninguém fumou e teres bebido licores fortes como metais em ebulição, e também gostarias muito de ter regressado com membros de ferro, pele escura e olhar furioso, Rimbaud do século XXI, gostarias de ter voltado e que, devido à tua máscara, todos pensassem que eras de uma raça forte e que voltavas com muito ouro e convertido num ser ocioso e brutal, que as mulheres cuidariam com entusiasmo, porque as mulheres gostam de cuidar desses ferozes estropiados de regresso dos países cálidos. Mas a realidade é outra e diz que não voltarás com membros de ferro nem pele escura nem olhar furioso, voltarás com fato escuro e cartão de crédito."
Vila-Matas em O Mal de Montano.

já depois de concluído e ainda guardo os sentimentos contraditórios. segue Sebald.

2 comments:

jorge vicente said...

quem escreve assim, não deve haver muitas contradições (acho eu)...

um beijinho!

Ana V. said...

contradições no meu gosto. à primeira vista e à segunda. grande contradição.

 
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