light gazing, ışığa bakmak

Tuesday, August 10, 2010

restaurante noma, em Copenhaga

Feito de coincidências, saber que estaria em Copenhaga precisamente quando soube que o Noma tinha sido eleito o melhor restaurante de 2010 ["according to the 800 food writers, chefs and critics that judge the ‘World's 50 Best Awards"], deixando para trás o El Bulli, eterno vencedor dos últimos anos. nesse mesmo dia, a lista de espera ultrapassava os quatro meses ["100,000 calls flooded in immediately, and that they were now at 400,000 requests and counting."]. contra todas as minhas expectativas mais cegas do que outra coisa, ver como é o melhor restaurante do mundo foi afinal possível.


toda a aparência é perfeita: decoração, boas-vindas, ambiente, o ritmo dos sapatos no chão de madeira, a cozinha aberta e o local, em frente ao Nyhavn do outro lado da água. mas o espectáculo que segue, ou seja, a récita-recital-concerto-espectáculo - são três horas do mais inesperado desenrolar de cores, texturas, aromas, sabores, formas, temperaturas. os elementos são combinados de formas totalmente novas, sempre surpreendentes, associações de sabores inéditos como o que se pode chamar main course: carne, beterraba seca e cozinhada fazendo um molho vermelho intenso com frutos vermelhos e emulsão de tomilho, verde aveludado. tudo servido com um punhal a puxar o vermelho sangue no prato.

a chocar nas entradas: de início chega um vaso com flores à mesa. a vermelha com caracol é a primeira das pequenas criações. entre as outras: um ovo de madeira com dois ovos de codorniz dentro; combinação de pele de peixe seca; outro vaso com uma cenouras e rabanetes miniatura -a terra comestível que era malte afinal, mousse de ervas; numa das tostas, feita de ovas de bacalhau fumadas, há ervas e vinagre em pó; bolachas com intenso sabor de frutos vermelhos em caixa de metal; o prato de cebolas em que descobri mais sabores novos do que nos últimos 365 dias todos juntos, as folhas translúcidas de vieiras secas, camarões das costas da noruega vivos, o ovo que cozinhamos na mesa, com salsa, espinafres, ervas, molho de queijo. aebleskiver com os muikko finlandeses; não há palavras.

a nova cozinha nórdica, diria que simplesmente a nova cozinha. reinventada, totalmente nova, partindo de pressupostos diferentes, técnicas novas. Rene Redzepi aprendeu com os melhores na French Laundry e no El Bulli, mas deu um passo à frente. a isto não se chama nunca refeição, chama-se uma experiência. o leque de sabores numa só noite ultrapassa todos os que se experimentam durante meses de letargia gustativa.

a minha esperança pessoal: no Noma está um português que adorei conhecer, de Santa Maria da Feira, onde espero um dia ir e encontrar o espírito totalmente novo, totalmente livre do Noma.

aqui, muito bem descrito por quem entende, tal e qual como comi (great blog, Taylor). digo o mesmo e concordo tanto: "These pictures nor my descriptions will do the restaurant justice."
aqui na Food and Wine, World's Top Ten Life-Changing Restaurants
aqui alguém que também comeu a melhor refeição da vida
mais fotos da mesma refeição, aqui




1 comment:

jorge vicente said...

deve ter sido uma experiência mesmo fantástica!!!

um beijinho
jorge

 
Share