(leitores), os de Lobo Antunes: "Não se pode estender a mão a quem lê, tem de se caminhar sozinho num nevoeiro aparente em que, a pouco e pouco, as coisas se arrumam nos seus lugares. Em nenhum bom livro há personagens e história: quando muito aparência de personagens e história, usadas para tornar mais clara a vertigem do que somos. Tudo se passa no interior do interior e portanto não devia haver cursos de escrita criativa." na Visão de 22 de Agosto que só agora vi. o 'papel' do leitor (gosto de dizer papel, não deixa de ser engraçado), o que é o leitor, o que é a leitura, 'dar a mão' ao leitor e, já agora, 'apanhar ar', que não me sai da cabeça desde que li que é o novo livro de Adília Lopes (classificado como novidade na secção livros da Ípsilon) não por ser de Adília Lopes, mas pela expressão que me mandou como borboleta para o espaço nesse mesmo instante em que li apanhar ar. também Faulkner dizia leiam sete vezes. não pode haver escrita a dar a mão ao leitor, deixaria de ser escrita e deixaria de ser leitor, julgo.
"O que me aborrece na Arte são os comerciantes que giram em volta dela, sem lhe tocar, porque tiram o seu alimento do efémero. Faz pouco comecei uma biblioteca na empresa onde estou.
Tolstoi foi o primeiro: ao receber o livro impresso reparei que as últimas três páginas eram propaganda a lixo. Como se pode, no fim de um livro de Tolstoi, fazer aquilo? Desonestidade? Ignorância? Não faço ideia de quem é o responsável mas devia ter sido fuzilado no berço: Tolstoi de mistura com livros de cozinha e ficções. Recomecei a colecção: até agora não repetiram a indignidade. Pergunta:
Como vão os livros da biblioteca?
Resposta:
Pingam
e ainda bem que pingam. Se vendessem às grosas é que eu ficava alarmado."
ainda Lobo Antunes na mesma crónica. bem fazia Saramago que fechava os comentários, lê-los no site da Visão é no mínimo deprimente.
1 comment:
concordo com tudo ,e gostei da vertigem
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