"Quem penetra no interior desta cidade não sabe o que vai ver a seguir nem quem o vai ver no momento seguinte. Mal alguém entra em cena, logo desaparece por outra saída. Estas breves exibições são quase obscenidades teatrais e ao mesmo tempo têm algo de uma conspiração em que somos implicados sem o sabermos e sem o querermos. Se vamos atrás de alguém por uma rua deserta, basta apressar um pouco o passo e logo a pessoa que seguimos sente a nuca eriçada de medo. E nós também facilmente nos sentimos seguidos. Alternam a confusão e o pavor gélido. Foi portanto com algum alívio que, depois de ter caminhado uma hora entre as casas altas do gueto, avistei de novo o Gran Canale junto a San Marcuola."
W. G. Sebald em "All'Estero" no livro Vertigens.Impressões.
Sebald descreve a sua chegada a Veneza, saído do comboio. mas ao seu lado vai Dirk Bogarde e as imagens poderosas de Visconti. não sei se acompanho Sebald e o eco dos seus passos, enquanto o autor segue Bogarde pelas ruas estreitas de Veneza, a cidade da morte.
light gazing, ışığa bakmak
Saturday, January 22, 2011
cena
Publicado por Ana V. às 10:05 PM
TAGS Biblioteca de Babel, it11, W. G. Sebald
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1 comment:
É tão fascinante o modo como ele escreve o medo.
É um grande autor!
Muitos beijinhos!
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