light gazing, ışığa bakmak

Monday, April 18, 2011

hoje, a propósito de chuva (e uma cantilena)

depois de longa espera e depois de me ter decepcionado com a Casa del Libro das Ramblas por causa dele, chega El Quadern Gris. não sei se é legítimo cair de amores por um título e alargar a atracção a uma língua inteira, mas nada me soa melhor. como Els Quatre Gats também. a Cotovia a editar a 'grande literatura catalã', uma excelentíssima editora.

"A meio da tarde começa a chover - uma chuva fina, densa, miúda, pausada. Não está vento nenhum. O céu está cinzento e baixo. Sinto a chuva a cair sobre a terra e as árvores do jardim. Há um fragor surdo e longínquo - como o do mar no Inverno. Chuva de Março, fria, glacial. à medida que a tarde vai caindo, o céu passa de cinzento a um branco de gaze - lívido, irreal. Sobre a aldeia, pesando sobre os telhados, há um silêncio espesso, um silêncio palpável. O fragor da água que cai alarga-se numa música vaga. Sobre esta cantilena vejo flutuar a minha obsessão do dia: vinte e um anos!"

[itálico meu, claro, cantilena aqui era sonsònia]


para ler aqui, no original.
a necessidade de expressar, de fazer criar uma nova imagem em outra pessoa, presente mas na qual não se pensa. como um músico que gosta de uma grande sala cheia  mas que se distrai ao olhar para a cara de um espectador num pequeno auditório onde cinco pessoas estão sentadas para o ouvir. o X vai ler isto a ser aquela cara. e entretanto recordo que o silêncio de cinco pessoas é tão diferente do silêncio de mil pessoas.

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