esta manhã do primeiro de Junho, deviam ser sete horas da manhã, voaram. depois de dois dias de ventanias intensas, hoje o dragão branco (como lhe chamo) deixou o contorno da serra. é ele quem sopra o vento que desce a encosta até aos aglomerados de casas de onde o vejo.
um cortejo azul claro da campanha política progride a passo entre os feirantes, distribuindo papéis. uma fotógrafa acompanha carregando a longa objectiva. na porta de um furgão senta-se uma cigana velha, sem dentes, coxa provavelmente, e pesada, de preto. logo se afila a lente para o pitoresco. as cores vivas da fruta e o ritmo desenfreado de vozes. na baía cheira a mar manso em que bate o sol. aguardo o verde do semáforo com o calor na cara esperando que a luz nunca chegue.
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