na zona protegida é proibido construir para preservar a natureza.
nos parques americanos pretende-se conservar o estado original da pradaria ou da montanha, as margens de rios. lá, e porque os povos nativos ali viveram ao longo de milénios sem deixar qualquer tipo de vestígio, é possível encontrar o espaço selvagem, o espaço original, sonhado. nos parques, o sonho é gerido para continuar a ser sonho.
aqui não há landscape original. a nossa paisagem nunca foi original mas a soma, ou o acumular, de camadas de tempo, umas vivendo sobre as outras, cidades por cima de cidades. as árvores, ervas, flores, todas falam de vidas anteriores, de viagens, de povos antigos. na zona protegida, o que se protege é um determinado tempo que se deseja perpetuar, petrificar, o tempo imediatamente anterior à proibição. proibir é impossível porque, para além da infracção que somos todos, as ervas não sabem ler e não desistem nunca. na Samarra, há quatro mil anos, ficava a povoação de Pedranta.
na igreja do Algueirão, o altar fica defronte de um meio círculo de pedra sobre o qual se eleva um cristo numa cruz. nas paredes laterais, foram abertos cortes rectangulares, frestas muito altas, que se taparam com vidros coloridos, amarelos e ocre. ao fim da tarde, riscas de luz acompanham o sol no semi-círculo atrás do altar e, a certa altura, iluminam a cruz de madeira na parede. imagino que tudo tenha sido pensado para criar esse efeito. na rua, os plátanos cresceram e interferem agora na simetria da luz. as sombras do seu movimento ao vento apagam os contornos geométricos das janelas.
light gazing, ışığa bakmak
Friday, July 15, 2011
landscape
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