light gazing, ışığa bakmak
Tuesday, September 6, 2011
s/n
Sintra
a ver diferenças- há mais uns tantos restaurantes, com clientes. multibanco renovado, a pequena padaria fechou e vende saladas agora. a loja do relógio está entaipada mas sem cores para o retrato que me fugiu em Évora. ainda se espreita para dentro da cozinha dos travesseiros, uma nova loja de vinhos na rua de cima, com tastings, onde tocavam os Kiss. as janelas e a porta da tia da N. são agora de alumínio e estão fechadas, desapareceram os vasos. ainda há roupa e ainda há festas da Senhora do Cabo, mas as barracas já não acompanham a volta do Duche. na esquina da Rua das Padarias, um estranho tenta dar-me um folheto para o jantar. talvez para a antiga farmácia, que agora também serve saladas e tem esplanada em estrado de madeira. falta vender saladas no antigo hospital, onde eu entrava com poucos anos e acompanhava as batas brancas às salas proibidas. quando alguém adoece na vila de Sintra, tem sempre a possibilidade de comer salada.
na fonte dos antigos bombeiros, onde episódios privados são lembrados ainda à beira de uma bica, banhava-se um cão preto, com estardalhaço de água. a antiga casa de pasto arrasta anos de taipais e gruas. nas fontes, ainda se reúnem alguns velhos com garrafas e garrafões, apesar dos avisos de água imprópria para consumo. em apenas trinta anos se estragou a água, que eu também levava em garrafas depois de subir a rua do marechal Saldanha, neto do marquês. ao lado da Sabuga, a quinta do marechal que foi duque. de quem será agora, especulo, este palacete desmaiado, escondido por detrás da fonte imprópria de azul berrante.
Patriarcado... (o estado regular de conservação)
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em Cascais há locais onde as pessoas ainda deitam os perecíveis pela janela. legumes, pão: tudo o que tenha sido tocado pelo bolor voa pela janela do prédio, alimento de pombos e ratos. Lisboa era assim quando a Lawrence acolhia Eça.
nota: a água de muitas fontes em Sintra é imprópria para consumo, mas não a água cristalina e fria da Sabuga, onde cada um pode encher apenas dois garrafões de cada vez- avisa a Câmara.
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