posso ver trezentos programas de televisão e comprar uma torre de revistas (o que não faço), que o meu modelo decorativo está nos filmes de Iosseliani.
com Chantrapas: gostei, estranho filme, irónico, non sense por vezes, político, alguma coisa desajustada. e resistiu à armadilha que é a minha memória. esses cenários, sobretudo, todos mais fortes do que muitas ideias. também aqui outra contradição: entre a Triennale de Milão, e as cadeiras em que me sentei, e alguma fotografia contemporânea. por exemplo este chocante Rooms Project de Miranda Hutton. (caberia em still life?, decerto uma reflexão sobre a relação com os objectos), no site-blog Oitzarisme. ou: o que são os objectos sem memória?
no centro comercial, os cenários-objectos são esses, aspirantes à Triennale, e desenhados para evocar ausências (ficções) que desejamos, ansiamos. que sonhos temos, ou não temos, já que nos incutem os sonhos, somos inseminados por sonhos alheios, inseminados por sinais (maldito Barthes). assim: os cafés-cafetarias são de 'madeira' escura, aspecto algo colonial (diria o designer, elementos de inspiração colonial), há grãos de café, objectos que fingem pertencer a uma autenticidade mais antiga, fotos de mulheres negras, vestidas de branco e descalças com as duas mãos cheias de grãos. por vezes há sacas vazias -montadas, que pretendem ser sacas de café. nas mais conscientes, há alguma coisa relativa ao fair trade, etc. (faltam os escravos!) em oposição a esta exibição de contos de fadas, coloco um livro in-the-making (?) sobre as tascas portuguesas, de norte a sul, Tascas e Tabernas de Portugal.
onde vou, onde vou eu, em pleno consentimento?
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