light gazing, ışığa bakmak

Sunday, May 20, 2012

Bruno Pacheco na Casa das Histórias, 'Moods', de Paula Rego


de grande formato, na Casa das Histórias. as cores são quase transparentes, é possível ver a textura da tela sob as quase transparências, em imagens fotográficas, como se fossem instagrams de pintura em que a mesma imagem surge revista através de filtros diferentes. uma conversa com imagens anteriores e ausentes, transformação de coisas vistas, traduzidas mecânica ou digitalmente e finalmente aumentadas em películas de cor.

esta técnica (este modo de ver) situa-se nos antípodas da incrível galeria de desenhos de grafite em papel azul que abre Moods, de Paula Rego. aqui saltam-se todas as traduções para expressar através do trabalho do desenho. que vejo como misto de revelação (revelar uma verdade oculta, a identidade mais essencial das pessoas que fascinam Paula Rego, como está escrito na entrada deste percurso magnífico) e de criação de personagem, entre o individual e o arquétipo. (por falar em templates de grandes dimensões: liguei estas pernas grossas -e os pés, pés de santos, pés de vagabundos, pés milagrosos da pintura- ao período clássico de Picasso, como aos posters do comunismo soviético: braços, pernas, mãos bojudos para finalidades tão distintas). Paula Rego é ela só um triunfo do desenho (como podemos ver em imagens inesperadas, fantásticas, obsessivas, que são filhas, no sentido de paternidade literária de Bloom, de várias tradições em simultâneo.) mas não fica aí: os grandes retratos em pastel têm poucos paralelos no passado, e menos no presente: a não perder a galeria Possessão que repete a mesma mulher no mesmo cenário mas numa infinidade de nuances. a reprodução em minúsculos ecrãs de píxeis luminosos não soletra sequer a letra 'a' de um longo alfabeto-




ainda sobre Bruno Pacheco:
"Porque a pintura de Bruno Pacheco continua a nascer e a crescer a partir de fotografias encontradas ou produzidas por ele. Ou seja: continua a ganhar corpo a partir de outro corpo. ", aqui no Público.
é curiosa esta relação - que vi já na Perspectiva das Coisas, na Gulbenkian. uma relação por vezes nefasta, por vezes nociva, por vezes incomparável. pessoalmente, e neste momento no tempo, prefiro a pintura livre do constrangimento da lente.



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