light gazing, ışığa bakmak

Sunday, May 20, 2012

na Anatólia





O que paira em todo o filme é a parecença incomum do médico com o autor do Primeira Avenida.

 Ultrapassando a coincidência, há, tal como na Separação, a assunção enunciada pelo Procurador: na raiz de todos os problemas estão as mulheres. Depois de uma longa permanência na noite anatólia em que um comboio luminoso de três viaturas risca a paisagem, surge a luz nas mãos de uma rapariga numa das cenas marcantes desta história. No dia seguinte, a ordem que tinha sido quebrada por um assassinato é reposta, encontrado o corpo e a verdade. As coincidências fortuitas, tal como no filme iraniano, aumentam a dimensão da tragédia, mas são as mulheres, ausentes sempre e mudas, que são a sua causa e o objecto da fixação dos que governam a vida quotidiana. Supostamente por elas são cometidos os actos impuros. Apesar do fascínio de ter viajado numa das zonas mais ricas em ruínas de sociedades desaparecidas e da perfeita tecelagem das relações entre os homens, o coração da história não me move.

por Peter Bradshaw no Guardian.
no Chicago Tribune.
no The Globe and Mail.

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