no museu dos coches

O museu dos coches é um dos casos de sucesso no panorama dos museus portugueses e no entanto há muito a dizer sobre este museu. Imagino que sejam todos assim, ou seja, que seja assim que o património comum, o da nossa história, é tratado. Quem o maltrata não são necessariamente os directores dos museus, mas (surpresa!) os políticos. No museu dos coches, o coche mais valioso, dizem eles do museu, (na imagem abaixo) é o que está por restaurar. Era originariamente um coche forrado a folha de ouro. Agora está em nu, em madeira degradada que é urgente proteger, com falhas e quebras que é necessário reparar, as sedas e tecidos degradados, e a folha de ouro a faltar para o cobrir finalmente depois do restante trabalho feito. Não temos falta de restauradores de madeira ou de talha dourada, muito pelo contrário. Também não temos falta de património escultórico profano e sagrado para ocupar esses restauradores por muito tempo. Por alguma razão que me escapa foi mais importante construir um mega-edifício para uma colecção que já tem casa (se bem que a maior parte dos coches esteja em Vila Viçosa). Esse edifício era para ter sido inaugurado em Outubro de 2010. Em 2009, o orçamento era de 31 milhões de euros. O restauro daquele coche em particular seriam 800.000 euros, um milhão (ouvido de boca, basta ir lá e perguntar).