MUDE. a colecção não é muito grande e é limitada. está reforçada pelos clássicos modernos da Fundação Gulbenkian e pelas exposições temporárias (os instrumentos de trabalho, que já vi penso que no museu do Design de Milão, mas não me recordo exactamente; e 'como nascem as ideias', que adorei) - são fantásticas mais pela exposição e pela verdadeira arte da instalação do que pelas peças exibidas. aliás, a instalação é aquilo que se exibe, mais do que o seu conteúdo - objectos das feiras da ladra e objectos gráficos como livros, posters e revistas). o monumento aqui é o edifício e -de novo- a instalação que ele constitui, um espectáculo de si mesmo. amei que tivesse sido mantido o incrível balcão do rés do chão, onde me recordo de ter estado há muitos anos como cliente. lembro-me daquele espaço como banco, cheio de sinais de poder: a solidez do balcão, as paredes de mármore, a solidez das madeiras e os lustres de cristal. a ironia da queda dos antigos poderes (até o nome: banco nacional ultramarino), o aparecer de novos interesses e interessados, o fascínio um pouco mórbido pela ruína, por um lado, e pelo ambiente industrial, por outro. a própria natureza transitória do museu naquele espaço, tudo contribui para o encantamento.
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