"No período de ouro do 'milagre económico alemão', nos finais dos anos sessenta, na estação de Colónia, os alemães recebiam eufóricos o imigrante "um milhão", que aconteceu ser um português do Algarve, baixinho de estatura, tímido, e que, sem compreender uma palavra daqueles que o saudavam, agradecidos por ele ter chegado para a construção da Deutsche Wunder, recebia como prémio uma motocicleta e um ramo de flores. Um documentário daquela época mostra esse dia na estação de Colónia, era Outono, estava frio, e o presidente do patronato alemão cumprimenta aquele Gastarbeiter, cuja tradução mais precisa é "trabalhador convidado". Alguns dias depois, Willy Brandt, na sua qualidade de chanceler, pedia-lhe desculpas por aquela recepção indigna. Numa carta dizia-lhe: "O senhor é a pessoa número um milhão que chega para colaborar no maior esforço económico da história alemã. Estamos-lhe gratos por isso, e dou-lhe as boas-vindas como ser humano, como pessoa, como cidadão estrangeiro com os mesmos deveres e direitos de qualquer cidadão alemão".
Os franceses esqueceram-se de que os imigrantes são pessoas e não chusma ou canalha, como os classificou o ministro do Interior, Sarkozy."
Luis Sepúlveda em Crónicas do Sul.
light gazing, ışığa bakmak
Sunday, July 29, 2012
o português
Publicado por
Ana V.
às
1:49 AM
 
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