de revisita ao Fogo do Céu, por via do goodreads onde continuo a depositar memórias antigas, momentos que estavam guardados em algum lugar, caras desaparecidas, casas que já não são, todo um passado fantasmagórico que é, -soma -soma, a identidade, revejo o estranho sentimento que me provocou aquela, como paradigma das outras, relação entre mãe e filho. para além da relação institucional, a corte da mãe sempre perto dos aposentos do filho, espacialmente na parte mais importante do palácio, aquela que era intocável, aquela que se opunha e decidia sobre outras mulheres, para além do sexo. o momento em que uma mãe envia o seu filho para a guerra e lhe diz ganha, esse o momento da relação que me enche de perplexidade, esse é o momento que define aquela relação ambígua, absorvente e, talvez, uma das mais significativas. não é por nada que a presença continuada da mãe na vida do filho tem sido contrariada em várias culturas, considerada perniciosa e incapacitante. em várias sociedades que privilegiam o todo comunal, os filhos são retirados para serem educados por tutores.
rica é a história desta relação e os desvios que possibilitou, o maior na psicanálise que a culpou a ela de quase tudo. para mim, o momento que não compreendo, o pico daquela montanha, é esse momento em que ela diz vai e ganha.
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a mesma relação cortada à força em Canada, vista de modo inverso: o filho que olha para a mãe e a tenta decifrar. decifrá-la é o ponto que precipita o romance. curioso que (não sei se dito se intuído) o deslindar das motivações e das fraquezas da mãe sejam maior motivação da escrita do que o contar da própria história. mas isto é apenas uma suspeita. desconfio que o ponto mais crítico do olhar para trás seja aquele em que o filho vê que a mãe independente, opiniosa e rebelde tenha sido afinal uma mulher fraca. também desconfio que seja este preciso momento que me afecta a mim, pessoalmente.
Ford um mestre do mergulho em profundidade nas várias relações que unem as suas personagens.
light gazing, ışığa bakmak
Saturday, September 22, 2012
filho
Publicado por
Ana V.
às
9:00 AM
TAGS Mary Renault, Richard Ford, Stuff
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