há sempre

vários pontos de vista: aquele que me causa maior dano, ou seja, que desprezo, é o que olha para a "massa" e lhe chama estúpida ('eles tão estúpidos e eu tão esperto, a ver tudo cá do alto'). o século 20 está cheio de espertos em torres de marfim e, bem vistas as coisas, fartaram-se de fazer m*. na verdade, o comportamento de uma multidão está longe de ser acéfalo e está estudado por várias disciplinas que se encarregam disso, é inclusivamente uma disciplina estudada pelos polícias das forças especiais destacadas para estes eventos. mas este comportamento estudável e espectável de uma multidão não descreve, como a psicologia não me descreve a mim, uma multidão em particular, como a de ontem.

é verdade que apesar de algumas frases de ordem que pertencem ao 25 de Abril, a manif de ontem não foi política, mas exactamente o contrário: foi uma manif anti-política. que os políticos não se excitem que isto e que aquilo: ninguém gosta deles e ninguém os quer. se havia um pensamento geral, ele era: correr com eles TODOS.

também há os iluminados que dizem que a massa está confusa e não sabe articular o que quer. eu diria: a massa não está NADA confusa e sabe muito bem aquilo que quer e, especialmente, aquilo que não quer.