light gazing, ışığa bakmak

Friday, September 14, 2012

mar

os lençóis que levam consigo o cheiro do mar. as possibilidades poéticas são imensas. o cinzento do mar e o prateado da terra firme, ou vice-versa, que se fundem e a luz que incide de certa maneira. um chumbo brilhante, como me recordo de ver o mar a partir das ilhas atlânticas, todas elas, lá de cima. também no mar alto se vê assim, mas afinal uma ilha é tal e qual um barco que navega no mar alto. no interior da ilha, o verde é mais profundo e a água está por todo o lado na humidade do ar, respira-se. recordei todas as pessoas na minha vida que vieram daquelas ilhas, e foram muitas. a ternura do trabalho de uma ou mais mulheres de quem quase vejo as mãos na água fria, o cheiro que adivinho e a água esbranquiçada do sabão. (afinal pode ser uma máquina, mas é bom iludirmo-nos com outro mundo de vez em quando). as mulheres que me antecederam e que andam sempre comigo. a história, ainda na semana passada, de um hotel nas furnas (outra ilha, outras águas). alguém, que perdemos já, a mergulhar na água acastanhada pela terra naquela fotografia de umas férias. o silêncio que quase se pode tocar nos grandes espaços que ficam entre as escarpas e o mar.
uma memória em separado, porque às imagens se deve dar uma liberdade de ver, uma liberdade sem palavras.

No comments:

 
Share