o ano passado os jardins de Belém, este ano o recém-recuperado Palácio da Cidadela, aqui no epicentro de um ninho social-democrata raramente incomodado por estranhos. não conhecia nada deste Palácio e gostei de o visitar, gratuitamente, uma casa aberta pelo Presidente da República, longe de distúrbios e gritarias, lado a lado com os bares chiques, a pousada novinha em folha, a marina de Cascais e uma feira Hippy Chic que se recomendava apesar da clientela.
Palácio mandado construir por D. Luís I e depois habitado por D. Carlos e família para o início dos banhos de mar em Portugal, esse rei que teimo em encontrar por todo o lado, aqui em local de privilégio sobre o início do mar. a sua passagem está espalhada pelos quatro cantos, este foi outro desses cantos que visitei sem o ter esperado. o Palácio da Cidadela foi depois morada de verão de dois presidentes até ser agora ressuscitado e aberto a visitas à população que, como eu, agradeceu e visitou.
neste palácio, em que existia um monta-pratos na copa que antecedia a grande sala de jantar (ah, Eça, não posso ouvir falar de monta-pratos sem me lembrar dos teus banquetes), as salas e os escritórios são virados para o mar. aqui morou o presidente Carmona, em Belém no Inverno, penso que cerca de dezasseis anos depois da queda da monarquia. este, como outros, eram ainda despojos de uma guerra.
música na capela, jazz ao ar livre, a banda da GNR que falhei com pena porque gosto de bandas. acima de tudo uma vista deslumbrante sobre a baía em final de dia, indescritível. o mar parado quase espelho, as cores suaves a cair do céu.
a cave-Museu das Ordens Honoríficas.
o trabalho de estuque dos tectos é admirável. os soalhos de madeira são muito bonitos. a recuperação do Palácio -na perspectiva da sua utilização e não apenas para servir de museu - parece bem feita. não sei quanto tempo foi gasto nos tectos. no palácio de Monserrate, com trabalho de minúcia semelhante, julgo, a recuperação está ainda em curso.
o forte propriamente dito está quase todo reutilizado. resta ainda, de acordo com o guia, uma parte -talvez a mais antiga, que fará parte de um museu. os artefactos encontrados, presumo que durante as obras de recuperação de todo o conjunto, são em número e variedade suficientes para esse propósito.
face à sorte deste forte, agora quase totalmente restituído à população para o bem e para o mal, não posso deixar de pensar no forte da Graça, em Elvas e no seu lastimável estado de abandono. pena não existir em Elvas um casino, nem a liderança e nem o conjunto de vontades que tornam possíveis estas transformações.
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