(...) e, a um canto da sala, um enorme telefone preto, que, mais que um instrumento de comunicação, fazia pensar numa arma de guerra atarracada e sinistra.
A campainha do telefone, que se desencadeava por vezes por iniciativa própria, era mais aterradora do que eficaz; o auscultador, negro como alcatrão, tão pesado como um haltere; e quando se marcava um número, o mostrador rangia melodiosamente, como os velhos molinetes dos cais dos barcos que faziam a ligação entre Karakeuy e Kadikeuy, e a mais das vezes ia-se ter, não ao número pretendido, mas ao que o próprio aparelho escolhera."
Pamuk em The Black Book.
a roda dos velhos telefones e a roda do molinete, há associações muito inesperadas.
verdade que o título é importante, como neste caso foi também a capa. este que aparece classificado como um romance policial pós-moderno (com o pós-moderno a permitir liberdades também inesperadas numa lista que inclui candidatos espectáveis como O Nome da Rosa até candidatos totalmente inverosímeis como Pale Fire) surge com uma capa algo bucólica - os velhos plátanos no jardim de um dia sem sol e o título jardins da memória.
alternativas:

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