light gazing, ışığa bakmak

Thursday, January 31, 2013

a negociata que é Portugal

agora anda tudo engalfinhado porque não sei quem do governo quer que a rtp tenha um tv rural (também, coitados, deve ter sido uma ideia do Crato, junto com os exames da quarta classe) porque isto é ingerência do poder na televisão do estado. o que dá logo vontade de uma pessoa se atirar ao chão e rir durante umas três horas para desanuviar. mas desde quando é que o poder não ingere na tv seja ela pública privada arrendada concessionada e todas as outras possibilidades de tv? e o poder, quem é? mas toda a gente sabe, são meia dúzia deles, os mesmos de há muitos e muitos anos. quanto à tv rural: parece-me mais do que evidente que a tv, seja ela qual for, podia ter um programa ou dois ou quatro que reflectisse o que os portugueses, grande povo mesmo assim -embora de patetas pois andam a alimentar esta malta há décadas, dizia - o que os portugueses andam a fazer: os agricultores, os biológicos, as pequenas lojas e as novas ideias que surgem por todo o país e em todas as cidades, as centenas de pessoas e grupos a criar coisas totalmente novas e atrevidas e a resistência e a energia e a imaginação que eu vejo desde as ruas da capital até às aldeias mais remotas do Alentejo. que as tv, sejam elas quais forem, tenham decidido alhear-se do país e das pessoas para passar a ser um esgoto contínuo de concursos e novelas cretinas ou de enlatados estrangeiros, isso é pena! tenho pena. que tinha de ser assim? pois não tinha!

outra novidade daquelas fantásticas: está lançada a guerra da energia, electricidade e gás. agora é o caça-contrato. quem caça o contrato? ah mas aí é que está! anúncio sem nome da empresa anunciante no correio da manhã com promessas vagas de horário assim e tal e de vencimento fixo. curso de formação blablabla. entrevista em escritórios sem logotipo, uma maravilha. só no terceiro dia é que os candidatos conseguem ver o nome da empresa (uma das associadas EDP, pois claro, mas um nome estrangeiro, irreconhecível). ah afinal o vencimento não era fixo! para ganhar qualquer coisa como o ordenado mínimo é preciso forçar os desgraçados-consumidores a assinar não sei quantos contratos por dia! estamos na mão dos piores mafiosos.

a coisa fica pior a cada minuto. disse Carlos Vaz Marques agora mesmo:
Carlos Vaz Marques: ‎Bárbara Bulhosa, editora da Tinta-da-china [e minha amiga], acaba de ser constituída arguida e sujeita a termo de identidade e residência. "Crime" cometido, segundo os queixosos: ter publicado o livro “Diamantes de Sangue – Corrupção e Tortura em Angola”, da autoria do jornalista angolano Rafael Marques. Os nove generais angolanos querem que se saiba que há certa coisas que não podem ser ditas. Nem sequer em Portugal.

resistência precisa-se e, como diz a C., não é com chazinho de menta. (está bem, adaptei um pouco)


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