light gazing, ışığa bakmak

Wednesday, April 24, 2013

flying carpet, 5000 nós por polegada quadrada






como são parecidas com as mulheres que lavam a lã nas fotos de Rosa Pomar.




the makers, and the sellers.
(Salomão é Suleimane) posse, poder e dominação: as diferentes formas de tapete, o que é feito de nós, o kilim tecido e o tapete bordado de arraiolos não são só diferentes no modo de execução, mas semelhantes na concepção: todos contam histórias ou simbolizam histórias. a fotografia que não tirei em arraiolos, não tirei por meio digital mas que tirei com os olhos, que não comunico mas que é apenas minha: as mulheres, novas e velhas, tinham feito uma pausa no trabalho, apesar de ser domingo, e estavam cá fora a conversar ao sol (não fumavam). lá dentro, a porta aberta, um grande tapete amontoava-se incompleto ao lado de cadeiras vazias. era uma pausa. no largo central e na rua principal de venda, e apesar de ser domingo, as lojas de tapetes estavam abertas e tinham clientela. as mulheres vendiam os tapetes. as melhores vendedoras explicavam os pontos, os materiais e os significados dos motivos, mas não chamavam ninguém.

na Turquia, Ataturk não eliminou só, com a sua ocidentalização da escrita, sessenta por cento do vocabulário da língua, mas alterou o dia de descanso: da sexta-feira islâmica para o domingo. (reparámos ontem que comemoramos feriados, não o próximo, bem entendido, mas os mais antigos, que celebram actos ou feitos que agora repudiamos. as comemorações integram o hábito quotidiano, o significado altera-se no decurso da história para convir à situação. em Portugal a situação é ainda mais extrema pois o poder político deseja apagar passado e presente. o final da celebração colectiva é a pulverização da comunidade, desprovida de significado comum).

em todas as histórias dos tapetes voadores são os homens quem voa. por vezes (ah o amor) partilham o passeio com as amadas. os homens detêm a posse como também nós por cá, amputadas de vontade própria pela dominação dos meios de propriedade, também nós apenas voávamos a convite.

as mãos que fazem os cinco mil nós.

cicims, afinal os tapetes que ilustram Yaşar Kemal; tecidos e bordados simultaneamente pelas mulheres dos nómadas da Anatólia. a tecelagem é feita na horizontal, tudo precisa de ser transportado. ali ao lado estava gabbeh, a rapariga do tapete.

the desires of the weaver were spoken through work.

o que aconteceu entretanto, o que fizemos. o que vai ser daqui para a frente.

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