light gazing, ışığa bakmak

Monday, April 22, 2013

ou novelos finos de cabelo muito branco

sempre que vou a badajoz é verão e é hora de almoço. desta vez só as cervejarias, tantas, restaurantes e casas de tapas estavam abertas, incluindo a 100 montaditos (só com uma loja no Porto mas milhentas por todo o lado). os toldos verdes nos prédios de tijoleira fazem com que a cidade pareça logo europeia, como as avenidas largas e os shoppings. o último, o El Faro, é um mastodonde à beira da fronteira que vai provocar o fecho de umas centenas de lojas deste lado, se algumas lojas resistiam. também em Badajoz há a palavra crise nos anúncios e se alquila nas janelas vazias de casas e lojas. numa praça fora do centro um grupo de pessoas instalaram tendas de campismo e ali estão sentadas em cadeiras dobráveis com cartazes à volta, em protesto contra os despejos. no regresso, sobre o Caia, a ponte José Saramago une com invisíveis laços duas margens desde sempre eriçadas uma contra a outra. e sempre, mas sempre, o alívio dos montes e vales alentejanos, nesta altura repletos de flores, tapetes roxos sobre o verde, um roxo senhor dos passos, tapetes brancos e amarelos, tudo verde, não há palavras que mostrem o alentejo numa primavera tardia depois de um inverno de chuva intensa. directamente em frente dos olhos de quem entra no país, o bico do edifício mais alto do forte da graça, escondido e apodrecendo aos poucos. as vilas brancas no alto de colinas. em cima as nuvens com brilho sedoso, novelos muito finos de cabelo branco.

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