light gazing, ışığa bakmak

Tuesday, April 30, 2013

sem preparação


(para ler)
libertação, um anti-Fausto, inacreditável cena final.
a propósito, diz Rui Chafes nesse texto de harmoniosa luminosidade ("O Perfume das Buganvílias"): "Tentar ser um homem puro e íntegro."

de poucas palavras, depois da hora e tal que foi o meu filme deste ano, no Nimas onde eu não ia desde que fechou há alguns anos. uma sala indispensável em Lisboa, grande, com passado, até parte do meu passado, lembrando-me de todas as vezes que lá fui, ver o quê e as pessoas que me acompanharam.

cai a noite na cidade. há vinte anos atrás os escritórios de bancos e advogados expulsaram pouco a pouco as famílias que habitavam os lindos edifícios da 5 de Outubro. a ocupação deu-se de baixo para cima, primeiro as lojas depois os insidiosos gabinetes disto e daquilo. os velhos sobraram nos andares de cima dos prédios, escuros em contraste com as luzes berrantes dos andares térreos; uma Casa ocupada, como a de Cortazár, mas na vertical. hoje fecham os negócios, os escritórios, as repartições e os ministérios. nos gabinetes de advogados foram despedidos todos os funcionários, fica só o próprio no local onde estavam antes os velhos. --nas ruas vazias, alguns passantes que eu diria serem os últimos funcionários no regresso a casa são antes outra coisa e fazem a volta dos caixotes do lixo, apressados e com método, porque atrás deles há outros.


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