light gazing, ışığa bakmak

Friday, June 7, 2013

classic quote

Blue paused for a moment, and Ka felt very jealous of his ability to tell this story, or indeed any story, with such conviction.

“But I didn’t tell you this beautiful story to show you what it means to me, or how I relate it to my life. I told it to point out that this thousand-year-old story, which comes from Firdevsi’s Shehname, is now forgotten,” said Blue. “Once upon a time, millions of people knew it by heart—from Tabriz to Istanbul, from Bosnia to Trabzon—and when they recalled this story, they found the meaning in their lives. The story spoke to them in just the same way that Oedipus’ murder of his father and Macbeth’s obsession with power and death spoke to the people throughout the Western world. But now, because we’ve fallen under the spell of the West, we’ve forgotten our own stories. They’ve removed all the old stories from our children’s textbooks. These days, you can’t find a single bookseller who stocks the Shehname in all of Istanbul! How do you explain that?”

Ka didn’t reply.

“Let me guess what you’re thinking,” said Blue. “Is this story so beautiful that a man would kill for it? That’s what you’re thinking, isn’t it?”

“I don’t know,” said Ka.

“Then think about it,” said Blue and he left the room.

- -
Pamuk em Snow. uma vez no capítulo oitavo, sabemos que se avança em velocidade cruzeiro. este é um verdadeiro enigma de capítulo, incómodo, estranho, que causa tontura ao leitor ocidental. nesta altura também percebe-se que este, tal como as outras obras do autor, não é um livro qualquer. não há inocência.
Snow é a história mais relacionada com Vida Nova, e suspeito de que é esta a visão do citadino sobre aquilo que está fora quer da cidade, quer do seu círculo. tal como em Vida Nova, também a linguagem se enche de metáforas, duplos sentidos, mistérios, vocabulário ambíguo e de carácter religioso, revelações, pistas, um mundo cheio de perigos, sombras, alusões. recriar um certo sentimento através da língua. o encontro com Blue fez-me lembrar a última entrevista de Bin Laden (B L ) a um jornalista de um grande canal de televisão americano: o mesmo tom de voz, a mesma suavidade dura, a mesma certeza. desconheço se outros autores fazem esta tradução: -vejam, é assim que se passa, os sítios são estes, é isto que eles pensam.

há um jogo perverso (perverso sempre) entre as virgens que se suicidam e os terroristas suicidas a quem são prometidas virgens.  escrever sobre isto é andar no gume da navalha, qualquer passo em falso conduz a uma pena de morte. pamuk escreve como uma sombra, tentando iludir todas as partes que não gostam do que diz: os islamistas, o poder do estado, os outros escritores, todos os que são de fora de Istambul, os comunistas, a própria família. de certo modo, criou para si um terreno muito minado e por ali se movimenta.




No comments:

 
Share