light gazing, ışığa bakmak

Friday, June 14, 2013

'Gezi is of course no longer a small park in the heart of Taksim; it has become all the squares of all the cities (...)'

omiti o final da frase mas era mesmo necessário. um pouco da crónica inteira de Yusuf Kanli:

Now, after all that was experienced since then and particularly after the “If you do not give up immediately we know to speak in the language you understand” declaration of the premier, sorry to say but Gezi Park has become a symbol. It has become a symbol showing that this nation can abandon all differences and organize civilian resistance. It has become a symbol of the spirit of solidarity, cooperation, trust, social reliance and, of course, self confidence.

Gezi is of course no longer a small park in the heart of Taksim; it has become all the squares of all the cities of Turkey. It has become all of Turkey. It showed Turks and others – but apparently still the premier has not seen it – that young Turks cannot be silenced under immense tear gas, merciless attacks by water cannons or horrendous beatings by the police. Perhaps the force applied to them was so excessive that all limits were left behind, using force on them has become useless.

Gezi has become the symbol of participatory democracy as it underlined that elections alone are not sufficient for democratic governance, people need to be consulted all the time.

Most importantly, Gezi reminded everyone that united we are powerful and to protest is a constitutional right. And of course, with the social media, there is a new world with new and awake citizens.

- -

lindo, também, e informativo o artigo de Paulo Moura para o Público. ele viu lá o que eu vi cá através dos streamings. vale a pena tirar todo o texto.

Tinha começado ontem à noite: um italiano levou o seu piano de cauda para o meio da praça Taksim. Era pouco antes da meia-noite, a hora em que se esperava o ataque derradeiro da polícia ao parque Gezi. Contingentes da polícia de intervenção posicionavam-se dos dois lados da praça - cercando a estátua de Ataturk e em frente ao Centro Cultural. No meio, sem ter para onde fugir, concentrava-se a multidão.

E de repente começou. O italiano, David Marcello, que vive na Alemanha e veio de lá com um piano de cauda no carro, atacou os acordes de Imagine. Havia holofotes apontando para ele e um sistema de amplificação sonora.

Em frente à polícia, armada de escudos e capacetes, Marcello, de máscara de gás ao pescoço, interpretou Let it Be, e várias sonatas. A polícia ia atacar a qualquer momento, mas, em vez do gás lacrimogéneo, o som do piano enchia a praça.

Foi assim durante horas. E a violência não começou.

Entusiasmado com o êxito da receita, Marcelo repetiu-a hoje. Desta vez, colocou o piano a poucos metros dos polícias, junto à estátua. A multidão sentou-se à sua volta, e ele tocou, toda a noite. Juntou-se-lhe uma cantora de ópera.

Ver as cabeças dos polícias encaixadas nos capacetes com um sorriso embevecido enquanto os dois jovens músicos tocavam O Sole Mio para uma multidão de manifestantes foi das cenas mais extraordinárias que alguma vez vi. Aqueles polícias que pouco antes tinham mandado 5 mil pessoas para o hospital, e que apenas esperavam a ordem de atacar de novo.

Por alguma razão misteriosa, ninguém acreditava que o ataque começasse no meio de uma peça musical. Por isso, imitando Sherazade, o segredo era não parar.

Já vim para o hotel, mas ainda os ouço lá na praça a cantar. O que vale é que aos italianos nunca falta repertório.

- -






(nas traseiras de Taksim, centenas ou milhares de polícias aguardavam a ordem de ataque)


respeito e admiração por esta juventude.
respeito e admiração pelas mães de Taksim que, face à ameaça do PM (tomem conta das vossas crianças, a paciência esgotou-se), fizeram um cordão humano em torno do parque Gezi.


como diz Emre Kizilkaya num excelente artigo para o Huffington Post, "Behind Turkey's Viral Revolution, There Are Mad Men (Actually Women)".

esta manhã o anúncio de que a decisão dos juízes de embargar a obra de Gezi será afinal acatada pelo governo. se a lei tivesse sido cumprida desde o primeiro dia, não se tinha levantado toda a nação como disse o admirável poeta maldito, Nazim Hikmet "A tree dies, a nation rises", ou algo semelhante.

No comments:

 
Share