light gazing, ışığa bakmak

Monday, June 24, 2013

valentes da nação

o descalabro aconteceu quando o branding se meteu por todo o lado. embora eu tenha já pensado o melhor dessa ideia (mas de mim, kick and run e permanentemente errada por natureza, qualquer coisa pode sempre sair); chego aqui -agora é pôr marca em tudo: portugal, as cidades, a sopa, o queijo, a praia X, a andorinha, o pão e a lã, o burro. não há nada que não tenha marca. parece engraçado, mas os valores humanistas, o valor intrínseco do hábito, da cultura, do que fazia a minha avó, passam a ser expostos como marca, bem como os valores da nacionalidade ou da religião. do campo dos valores éticos, morais, culturais se passa sem mais nem menos para os valores do mercado, da gestão, das compras e vendas, do lucro e da publicidade. enquanto eram souvenirs a coisa engolia-se. mas a souvenirização de um país inteiro (ou de um mundo inteiro) tem consequências imprevisíveis.

foto daqui.

não admira que os cursos de humanidades estejam a ser preteridos por cursos de gestão e de marketing. um valor mais alto se levanta: a empregabilidade sobre o ser; o valor sobre o indivíduo. os pais já não dizem: o que a fizer feliz mas o que lhe der melhor hipóteses de emprego. (não sei se é assim, mas parece que sim).

por outro lado, tem piada, as marcas verdadeiras querem desmarcar-se e tomar para si os valores das humanidades: tradição, história, o povo, a nação... assim temos manteiga tradicional, pasta de dentes com história, cervejas com a raça da nação.

está tudo ao contrário.


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