light gazing, ışığa bakmak

Friday, July 19, 2013

outras estranhezas

do tempo presente. muitas das pessoas em cargos laborais intensivos (os jornalistas profissionais, por exemplo, mas a lista é bem longa), pessoas de carreira, têm hoje de se dedicar em exclusivo e agressivamente a essa carreira. as horas de trabalho são muito longas e não deixa tempo para pensar ou para outras actividades. o normal é gastar tensão no ginásio mas essa embora saudável não é a melhor opção para o desenvolvimento das capacidades de pensar, para dizer assim. já vivi desse modo, por volta dos trinta, quando trabalhava longas horas, dia e noite e fins-de-semana quando era preciso, porque adorava aquilo e aquilo era a minha vida toda.

mais tarde na vida há tempo para o silêncio e para pensar e desse espaço surge muita coisa que dificilmente se contabiliza. a ideia de trabalho intenso até muito tarde na vida é (como a ideia de ir para um curso pela empregabilidade) uma ideia peregrina e com consequências nefastas não só para o próprio como para um conjunto de pessoas que pode ser mais ou menos largo.

não estou dentro do assunto mas penso que há professores com uma vida de conhecimento e de experiência que estão a ter de escolher entre a pensão ou a remuneração que recebem das suas aulas: entre algo incerto e algo parcial. provavelmente escolhem a primeira hipótese porque receiam que escolher a segunda tenha por consequência o encolhimento drástico da segunda. e assim perderemos um capital incalculável de saber que existe pela união da experiência ao silêncio do tempo.

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