light gazing, ışığa bakmak

Tuesday, July 23, 2013

Sá da Costa

esta manhã pensava no que acontece a uma livraria quando morre, já que o seu cadáver, para além de quem lá trabalha, salvo-seja, são os livros. alguns dos livreiros que tive a alegria de conhecer levaram-nos para casa e passaram a vendê-los online. outros carregam caixas e caixas e mudam-se para novas lojas, cidades diferentes (um outro continente). o que acontecerá aos livros da Sá da Costa, que o Z. disse estarem ainda, muitos deles, marcados em escudos?

e não podia deixar de copiar para aqui a Sá da Costa de Marina Tadeu, via L.

Fechos

Ah que desgraça
a Sá da Costa
onde nunca comprei
a ponta de um crocodilo
ou até o herberto
que não li
mas que agora
choro para fingir
que pertenço
ao clube das letras
Vou já à porta
mostrar
pois também
a mim secaram
óvulos mexidos
que já saíam comidos

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desde que vi a festa que a vencedora do euromilhões ofereceu à sua terra, churrasco e música popular, e desde que visitei Arraiolos, ponho-me a elaborar aquilo que eu gostaria de comprar. ora aqui está um item: a Sá da Costa.

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a Sá da Costa fazia parte do meu roteiro de dias felizes, da estação do rossio à rua Luís Fernandes duas vezes por semana, por vezes todos os dias, a dois paços do príncipe real e a três do rato. podia optar pelos transportes públicos, podia escolher o elevador, mas aquela volta era sagrada --chiado acima, a rota das montras das livrarias, o café na Brasileira e atravessar o bairro alto com mirada na casa Ferreira. naquela altura, restauradores e artistas amadores enchiam-me a casa todas as noites, a vida era boa.




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