ontem vinham dois miúdos à minha frente com os sacos do pão quente nos braços que iam levar para casa. paravam muitas vezes no caminho, olhavam para o chão, apontavam, para cima, comentavam sempre alguma coisa (o que diriam da andorinha que entrou no mercado da fruta). quando éramos daquela idade íamos para a praia a pé, uma boa meia hora por entre os campos que então ainda eram de sobreiros e mato, alfarrobeiras, com cigarras e insectos desconhecidos a fugirem dos pés. não havia muros ou sebes ou arame. era uma inconsciência prazerosa, por vezes com medo das pequenas cobras pretas, as serpentes como lhes chamávamos. de vez em quando encontrávamos uma morta, raramente uma pele seca que logo se transformava em tesouro inestimável. em fila indiana, os mais altos à frente ou os mais velhos, conforme, um bando em risadas. eram os dias.
light gazing, ışığa bakmak
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