light gazing, ışığa bakmak

Tuesday, August 13, 2013

lovers (1)

descobri que tenho uma medida de avaliação sociológica de que não suspeitava antes: a quantidade de pessoas felizes. a semente desta complicada teoria foi lançada pelo l. quando me dizia olha à volta, a quantidade de pessoas felizes! também contava o número de carros caros mas era aí que ele ia mal, sucumbindo aos fantasmas da sua infância.

o número exacto de pessoas felizes nem é muito importante, esta avaliação faz-se por meio de percentagens aproximadas: a maior parte, uma grande parte, quase todos, uns dez por cento. (chegar a lisboa pode ser traumático, neste momento). quantas pessoas estão a rir, sente-se como talvez sintam os gatos ou os cães o nível de tensão que paira numa rua. por vezes sentem-se coisas diferentes e são medonhas e vou-me rapidamente embora.

em certo lugar, o autor referia a dificuldade daquele povo em ir para a praia, um povo familiar e púdico a tentar acompanhar a moda do biquini. esse sentimento também me é familiar, foi-me passado através das crónicas femininas dos anos cinquenta. a tia d. guardava umas caixas cheias dessa revista debaixo da cama em que eu dormia na sua casa. esgotadas as brincadeiras achava piada aos modelos de cabelo montado quase num turbante de cabelo, as fitas, os sapatos brancos pontiagudos, as sobrancelhas desenhadas e por vezes um sinal ao lado da boca como determinada artista. perguntei-lhe quem era a sua preferida, Sarita Montiel! eu nem sabia quem era e encontrei-a depois nas revistas debaixo da cama. na verdade tinha um pouco de pena dela por não conhecer senão os filmes antigos e as artistas como a Sarita Montiel. mas a alegria era equilibrada, a par de muito fado e de é assim a vida e de é preciso é saber viver. uns cinquenta por cento.

o spleen inglês fez-nos um mal terrível. aquilo estava desenhado para dandies e para quem vive dos rendimentos, queimando dinheiro a seu prazer durante a vida que não se ganhou. aquilo não estava para nós, como as escolas finlandesas não cabiam na serra portuguesa. de repente quiseram ser lorde refinado, morrer de tédio das coisas para ser civilizado, ninguém o disse melhor do que o Eça, mas depois de dito prosseguiu o fado. continuamos entediados.

(pic daqui)


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