subimos o golden horn para eyüp, a mesma entrada de água que ofereceu porto seguro às frotas dos três impérios que fizeram de Istambul a sua capital. a entrada pela porta da ponte de Galata sente-se logo: o vento amaina e as águas aquietam-se. quase todas as representacões de Istambul têm muitas embarcações. as mais antigas são muito bonitas e lembram-me caravelas. o museu marítimo está fechado até Setembro e junta-se a outros na minha lista de impossibilidades: o de Oslo, o de Helsingor e agora o de Istambul.
a fila de espera para o funicular era longa e dava várias voltas. famílias, muitas crianças neste lugar menos abastado da cidade. aqui reconheço outras fisionomias mas não lhes adivinho a proveniência. de eyüp até quase a Galata, a margem do lado da cidade antiga é um contínuo de parque relvado. são quilómetros com flores, árvores, baloiços, relva, fontes. a multidão ocupa os lugares à sombra, cada circulo de pessoas sentadas na relva uma família.
depois de uma longa hora tomamos finalmente o funicular. lá em cima o café Pierre Loti tem muito pouco de café. é um miradouro de onde centenas de pessoas espreitam e onde tiram fotografias. a esplanada de rua é imensa: cadeiras mesas canteiros árvores e gente em vários andares de esplanada a ver o corno de ouro. num carreiro que vai ter à estrada, dezenas de barracas de venda de souvenirs: bugigangas, pratos, lenços, malas, petiscos.
cai a noite mas ninguém vai embora. a cidade não dorme.
decidimos descer a encosta a pé. a descida atravessa o cemitério que ocupa toda a colina e que sobrevoámos na vinda. grupos sem mesa na esplanada sentam-se nas campas a petiscar. o passeio faz-se por entre os mortos que por pouco participavam na animação da vida. um gato preto em cima de uma sepultura. lá à frente grupos de cães dos muitos rafeiros que vivem nas ruas. os corvos enchem as árvores. os animais são vadios mas a cidade alimenta-os a todos. por todo o lado tigelas de água e de comida.
chegamos ao largo da mesquita no momento da chamada para a oração. muitos dos que esperavam na praça precipitam-se para a mesquita. os repuxos da fonte iluminam-se de lilás e de azul.
Istanbul at night - Eyüp in Istanbul
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