na antiga estação marítima de scutari reina o caos anunciado pela tshirt da loja na passaj. as obras públicas deste governo em pleno reino da prosperidade económica (a sonhar também ele ser um sultão das fábulas) incluem o grandioso projecto do marmaray, um metro que atravessa a cidade e que cruza o bósforo mergulhado nas suas águas. üsküdar é o local de entrada na ásia e o que diria o velho keraban. a praça principal onde fica a mesquita está arrasada, cortada ao meio por tapumes e buracos enormes. os transportes públicos, carros e táxis ficam presos em grandes molhadas de trânsito mais enleados do que os fios da m.. da janela vimos um jornalista em equilíbrio em cima de uns blocos de betão, o cameraman a filmá-lo do que resta do passeio, no meio de uma nuvem de escape e ruído.
ao fim do dia percorremos o passeio à beira da água até chegarmos perto da torre da virgem ou da donzela, não sei como faria a tradução. as pequenas embarcações de transporte vão e vêm incessantemente. o paredão tem vários níveis: junto à água uma fila de mesas e cadeiras com toalhas postas, dois níveis de bancada sobre a água ao longo do paredão estão cobertos de grandes almofadas coloridas, o mais longo sofá já visto. sentamo-nos com os pés virados para a água e com o chá nas mãos. alguns fumam narguilas frutadas. o sol põe-se para o lado de eyüp e recorta a torre que se ergue no meio da água. estamos num dos locais de observação de uma cidade que se observa permanentemente através da água. todos os seus três reinos em constante vigilância, não sei para o que se olha mas olhamos também e todos os objectivos se concentram nesse momento, era preciso estar aqui a olhar e finalmente se conclui essa missão que nos levava em sobressalto.
o último nível que acompanha a curva das águas é o longo caminho onde passeiam milhares de pessoas pelo meio de bancos, quiosques kiz kulesi com arabescos, bancas ambulantes, vendedores com os seus artigos no chão, miúdos descalços, famílias. a iluminação pública é escassa, ficamos numa penumbra encantada.
quando o horizonte do corno dourado está laranja forte (o fogo reflectido nestas janelas da ásia) dois jovens riem muito para alguém que lhes tira uma foto com um telemóvel. viro-me e vejo-o que coloca um anel no dedo da rapariga. um pedido de casamento com fundo de ocaso e a torre da donzela por testemunha.
light gazing, ışığa bakmak
Wednesday, August 14, 2013
üsküdar
Publicado por
Ana V.
às
12:53 PM
TAGS is13, O espaço entre as notas
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