light gazing, ışığa bakmak

Thursday, September 5, 2013

Book of Travels, Çelebi



o inglês torna-se a língua internacional oficial, como a perspectiva ocidental se torna a que é 'universalmente' aceite. nesta voragem de uniformização sabemos o que acontece às maçãs verdadeiras, as que não são photoshopadas nem envernizadas. a literatura de viagens de hoje, já não um género mas uma secção na base de dados ou uma prateleira na loja física, é filha do romantismo europeu. as nossas editoras dedicadas a este género abraçam sobretudo autores anglófilos, ou autores da moda. antes do romantismo europeu, existe uma enorme quantidade de livros de viagens que, de tradução difícil, de conteúdo longo e não dado a digestões-relâmpago (palavra com um abraço para o norte onde ontem faiscou que se fartou), cujos autores morreram há mais que muito tempo e - por isso - não podem estar presentes em lançamentos nem eventos editoriais. estes autores, como estas obras, sobretudo os não traduzidos, são triturados pelos meios de transmissão de palavras em uso e esquecidos. Çelebi não será nunca esquecido e gostaria de poder ler todos os volumes das suas viagens, como as de Marco Polo, como as de muitos portugueses - viajantes que nós somos! em espera tenho o Caramuru que resgatei a um caixote de livros velhos por um euro ou dois. (não o poema épico mas uma adaptação em prosa. ('vítimas desgraçadas do furor dos bárbaros sem dó, vítimas inglórias mas heróis imortais na memória da Pátria'). nós, os amigos dos índios. não é o trabalho que liberta, são os livros.



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