light gazing, ışığa bakmak

Thursday, October 10, 2013

Chantal Joffe (2)


desta vez no ccb pela mão de Ruth Rosengarten. sorte tive pois a exposição era para acabar dia 29 de set. e afinal continua até janeiro (sinais dos tempos?). não me aborrece, quero voltar: uma pequena grande exposição para ver com o maior cuidado, excelente escolha de artistas marcantes num crescendo de imagens que termina com Blaufuks e Boltanski, os objectos e os rostos dos mortos do século vinte, que grande homenagem e um grande percurso. a não perder.

diz Ruth:
Da história à ficção / Da ficção à história
Tradicionalmente, o arquivo encontra-se numa relação antagónica com a narrativa: as histórias não se coadunam com listas, nem a história, aparentemente, com a imaginação. Mas com a percepção de que o arquivo fotográfico poderá constituir a forma e o próprio medium de uma obra, os artistas colocaram em questão noções como a da história enquanto discurso baseado em provas, cronologia e documentação. Os trabalhos desta secção dependem, mas também desconfiam, dos processos historicizantes, permitindo que a história e a narrativa interajam de modos recursivos.
Up in the Sky, de Tracey Moffatt, explora com os seus quadros narrativos monocromáticos e disjuntos relações sociais e raciais, localizadas no interior profundo da Austrália, de violência extrema, ainda que banal, através de alusões a outras obras de arte, inclusive os primeiros filmes de Pier Paolo Pasolini e de Peter Weir, e a fotografia documental dos anos 1940. Uma diferente forma de compor por alusão ocorre em Re-Take Amrita, de Vivan Sundaram, em que o artista usa fotografias do seu avô Umrao Singh Sher-Gil em montagens digitais, criando um arquivo familiar palimpséstico e melancólico, assombrado pela presença fantasmática da tia de Sundaram, a famosa filha de Sher-Gil, a pintora Amrita Sher-Gil, que morreu aos vinte e oito anos. A imbricação de temporalidades desestabiliza a ideia do arquivo enquanto repositório de factos históricos singulares.
Um tipo diferente de passagem pela história e memória consubstancia-se nos trabalhos da Exile Series, de Daniel Blaufuks. Tal como Tracey Moffatt, Blaufuks apropria-se dos idiomas de outros artefactos vários – o álbum de família, de recortes, fotografia de viagem, cinema noir, a literatura de exílio. Esses fragmentos coligem aproximadamente memórias pessoais e registos familiares com os destroços de uma memória colectiva, em actos de composição que meditam sobre os usos mnemónicos da fotografia. Christian Boltanski força um alinhamento do acto da recordação com a catástrofe histórica, ao mesmo tempo que ilumina a instabilidade do papel quer da fotografia quer do arquivo na articulação da história com a memória. No seu uso de fotografias encontradas, ele insufla a noção da memória traumática com o ânimo impassível do ready-made. A partir de imagens seleccionadas das secções necrológicas de jornais suíços contemporâneos, a série 364 Suisses morts transforma a ficção num arquivo, acentuando a natureza problemática da memorialização e dos perigos de conceber o passado como um assunto arrumado placidamente.

daqui.

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