light gazing, ışığa bakmak

Friday, October 18, 2013

Rubáiyát

se calhar já cá estava em algum lado, mas não faz mal, é sempre tempo de ler o Rubáiyát de Omar Khayyam.


na versão muito inglesada de Edward Fitzgerald. será possível que só em 1988 tenha existido uma tradução por um iraniano, Karim Emami.

o que é um rubaiyat:
"Rubāʿī (رباعی rubāʿī, "quatrain") is a poetry style. It is used to describe a Persian quatrain, or its derivative form in English and other languages. The plural form of the word, rubāʿiyāt (رباعیات), often anglicised rubaiyat, is used to describe a collection of such quatrains."

muito bom este mil anos de rubaiyat da Pérsia. o Rubāʿī tem quatro versos que rimam no meio e no final de cada verso, muitas vezes na forma AABA.

na maior parte das vezes em que se fala desta forma poética ou mesmo de Khayyam, listam-se as inúmeras traduções do original, comparam-se versões, discutem-se influências posteriores e como as traduções influenciaram os poetas ingleses da altura. assim aprendi a ver o mundo também e agora re-descubro que o mundo também tem olhos para ver. a preocupação tem sido mais com o espelho do que com o próprio.

Rubāʿī é uma das formas da poesia sufi.

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sobre o vinho

a poesia persa é totalmente estruturada: as formas são fixas, como o rubai, os versos e a métrica são fixos (tão recente  no tempo é o verso livre...), os conteúdos, as metáforas são fixas e joga-se com elas como com as limitadas peças de um xadrez. o mais semelhante que encontro é a nossa poesia medieval mas em que a temática fosse apenas religiosa, a temática dos poetas místicos. ali, tudo se relaciona com deus e com o encontro desejado entre o insignificante eu e a maravilhosa divindade. tudo o que se escreve é outra coisa, parte integrante de um jogo de significados: vinho não é vinho, mas o desejo por deus, luz não é luz mas deus, o jardim é sempre do éden e o amor é sempre por deus. a versão poética e em palavras das artes visuais islâmicas: a representação da realidade é sujeita a todo o tipo de constrangimentos, o que se deseja é espelhar um pouco, dentro dos limites humanos, a perfeição de deus, tão mais próxima da matemática e das ideias puras. arte combinatória no seu melhor, a arte das ideias nuas.

(para ler, a introdução ao livro mil rubai que refiro acima)



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