a mulher era muito bonita e sentou-se ao meu lado no chão, a carpete era vermelha. eu só olhos. toda ela perfeita, vermelho também os estampados do vestido, do lenço, não sei bem. as mãos eram pequenas. fechava os olhos e rezava com as mãos viradas para cima como eles fazem, diferentes de nós que as juntamos em frente à boca ou um pouco mais abaixo. era uma espécie de espectáculo, aquela bela mulher e as suas mãos erguidas, os olhos fechados. o rapaz que a acompanhava tirou-lhe uma fotografia e vi-a no ecrã da câmara porque estava a meio metro da minha cara, eu só olhos. as outras mulheres escondiam-se atrás dos painéis e os namorados não as fotografavam porque não existiam. estava mais alta a cara dela, eu sentada na carpete e ela ajoelhada, um pouco de lado. no final dos cliques, uns três minutos, levantaram-se ambos e foram embora.
diferentes gramáticas do desejo.
eu, talvez não só olhos, esforço-me para não a ver como Kader Attia em Ghosts:
light gazing, ışığa bakmak
Tuesday, November 19, 2013
pray
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