light gazing, ışığa bakmak

Wednesday, December 25, 2013

'Cartas a Sandra', Vergílio Ferreira

sobre o livro, mais aqui.
um admirável livro, acima de tudo. todas as cartas de amor em português são lidas através de Fernando Pessoa, não há modo de lhes escapar. mas Vergílio Ferreira consegue fazê-lo numa série de admiráveis cartas de um homem velho - o autor - à sua mulher morta. as cartas são introduzidas pela filha Xana que as encontra depois da morte do pai e que, segundo diz, as decide publicar. a última carta está por terminar pois o homem morre ao escrevê-la.

parto para o livro de olhos fechados, como gosto de partir para quase tudo. ao longo das várias cartas vejo nelas o autor que morre, a sua filha, a sua vida, as emoções privadas que apenas podem ser conhecidas depois da morte. um romance epistolar publicado no ano da morte do escritor e que aborda a morte literária ideal: escrevendo que se fez amor com a mulher da sua vida.

"Apertei-te a mão e tu apertas-te a minha e eu tive a evidência de que nada nos podia separar. Agora um estudante cantava uma balada - "morrer é passar um dia todo inteiro sem te ver". Como é triste pensá-lo. Sem te ver."

o livro veio da Galileu, este ano, de onde trouxe também Aparição. um dia irei a Gouveia ver o espólio do escritor. e sim, para além de sementes e árvores, também dei alguns livros.

(aliás a Galileu é um excelente ponto de visita, até de estudo, uma demonstração prática do que significa a palavra livraria)



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