light gazing, ışığa bakmak

Tuesday, December 10, 2013

não me façam passar por um museu deserto (museu bordalo pinheiro)

pois vou ter de entrar. muito bonito o portão deste museu escondido na selva urbana do campo grande onde parece que o projecto de recuperação do jardim ficou suspensa. corri muito neste jardim, remámos (seria?), fomos ao cinema depois do jantar e visitei longamente a livraria. havia muitos cisnes na água verde do lago que não sei se imagino. saudades do caleidoscópio. (o projecto de 2 milhões que deveria abrir agora embatucou, as universidades estão à míngua).

não entendo essa mania de abrir 'museus' de época e acrescentar a casas magníficas alas totalmente 'modernas' que gastam uns milhões do orçamento que podia ter sido usado para restaurar com dignidade o edifício principal. a política da CML mas não só parece ser essa acima de todas as outras. há algum pecado mortal ligado à ideia de restaurar, de manter, de guardar, de preservar?  mais do que a exiguidade do espaço seria bom dirigir as preocupações para a exiguidade do público ou até para a exiguidade do material exposto. para que queremos filmes e cópias e grandes posters de fotos que podem ser colocados no site online? expositores de plástico e lojas com tshirts, inutilidades que deveriam ser subtituídas por objectos verdadeiros, a obra do artista, a sua secretária, a sua casa, os seus tapetes, o seu penico. a verdade é que os espólios estão fora dos museus que os deviam conservar e que tentam colmatar esse buraco negro com expositores brilhantes, novas arquitecturas, folhetos e mais uma série de materiais de RP e de marketing que servem apenas para alimentar algumas empresas (que nem vou dizer que são de primos e conhecidos). é o reino do faz de conta dos museus.

não é demais nunca visitar Bordalo, a sua magnífica obra cerâmica, os seus desenhos tão tristemente actuais através dos quais percebemos que nada mudou. os rostos nos folhetins dos fins de mil e oitocentos são os mesmos de hoje, tirando ou pondo qualquer vírgula. excelente. o bilhete para entrar são, imagine-se, um euro e meio. ah bordalo, que te esquecem...



 exposição temporária de zé dalmeida, poetas portugueses e um leitor com asas.




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