light gazing, ışığa bakmak

Thursday, February 27, 2014

isa

o ISA ou instituto superior de agronomia deve ser um dos sítios mais fascinantes da cidade. campos verdes, o campo grande, parcelas recortadas e cheias de etiquetas, vegetação descontrolada por todo o lado, ervas daninhas, árvores velhas, trepadeiras fora de controlo a tomar conta de grupos de edifícios desencontrados dos últimos dois séculos mas todos em estado de grande degradação. os amarelos mantêm-se, tal como a beleza metálica do pavilhão, os brancos tomaram todas as cores da lama e da humidade. por todo o lado carros a competir com a ocupação vegetal, grupos de alunos a dispersar para a saída. seja o que for que se ensine e se aprenda ali, o mundo vegetal está em clara vantagem.

o ISA ocupa uma porção importante e cénica da freguesia em que nasci, a ajuda, um bairro que por si daria para um ano de felicidade fotográfica. as ruas parecem dinamitadas de fresco, os edifícios em semi-devastação apoiam-se entre si em maioria silenciosa contra um ou outro condomínio luminoso que se fecham como palácios. a imagem mais marcante, imagem de marca deste bairro que se ergue do tejo, as costas do palácio da ajuda - com possíveis janelas emparedadas com tijolos, sombras de portas numa parede-ruína cinzenta escura de lixo, uma vala que agora é verde mas que imagino diferente em tempos de seca, um largo militar mesmo em frente, repleto de automóveis. para acrescentar à alegria (fotográfica), podia apenas saltar para a colina adjacente e acrescentar a boa-hora, o caos no mercado de sábado, as tentativas de pavimentos em ruas agora sempre fechadas, as multidões que fervilham ali em frente ao hospital militar e à porta da igreja. cá em baixo, as gigantescas grutas ciganas e a tasquinha popular, enfeitada para os santos, que se empoleira no assustador penedo.


No comments:

 
Share