milhões (mas na tv diz-se 'melhões')

sempre que os valores em euros ou dólares causam conversa sobre 'arte' o assunto deixa de me interessar por outro motivo que não seja sociológico e não sou louca por sociologia. gosto de ler o cáustico Alexandre Pomar e gosto de ouvir as duas pessoas na família que compram arte, uma delas simplesmente para a impressão de ter este e aquele que vai com a colecção avantgardíssima única de outra coisa qualquer, a outra para 'investimento' - porque me divertem. quando a arte passa a posse traduzida por uma cotação já deixou de o ser e nasceu como outra coisa, um fundo de investimento, uma propriedade, títulos do tesouro, os dentes de ouro na boca dos ciganos.

que a 'colecção' não é uma colecção mas, seguindo a comparação, alguns dentes de várias bocas; que o secretário de estado foi colocado na vida pública pelo partido anterior que ele tanto desanca agora; que a tv foi desencantar reportagens sobre miró que passam nas "notícias"; que o bpn foi um criminoso escândalo do qual poucos conseguem ter a noção completa dada a dimensão do roubo; que a ex-ministra essa inqualificável canavilhas nunca mais desaparece do nosso horizonte, carreirismo tão duvidoso. um desgosto, tudo isto.