light gazing, ışığa bakmak

Monday, March 17, 2014

longe vai

o tempo em que tentei recriar um borscht ucraniano, tarefa que me ocupou durante umas boas quatro horas, ainda que sem os dumpligs tradicionais. nem sequer dumplings chineses fiz ainda... mas são tantas as sopas deliciosas na country living que o difícil é resistir.

por acaso o calhamaço-manual de culinária russa deve ter sido o primeiro que tive daquele género e hoje não sei onde está. talvez tenha feito parte de uma reescrita da minha própria história, das que faço regularmente. a reedição é de família: a minha avó, no entanto, era bem pior pois dava-se ao trabalho rasgar, uma a uma, a pessoa indesejada das fotografias de família. o outro lado, engraçado, fez o mesmo, de modo que chego a ter a mesma foto purgada de pessoas em campos opostos das batalhas: quem está numa e não está noutra e vice-versa. a reescrita fotográfica não se resume a antepassados: alguém que não me é longínquo resolveu o aparente quebra-cabeças e colou lado a lado pessoas que nem em estado de sítio se encontram na mesma sala. todas estas manobras são feitas à mão e sem instrumentos o que, suponho, tem mais valor.

anos mais tarde, e alguns continentes depois, procuro um lugar no meu labirinto habitacional de possibilidades para depositar a colecção de comer sem comida, a cozinha já não comporta tantos projectos.

(via okan: Şiveydiz soup from Gaziantep)

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