regresso ao mar

todos os meses acabo por passar os olhos em cv's, muitos no famigerado formato europeu (normalização das pessoas = normalização das maçãs) de gente que fez toda a espécie de coisas - barmen, jardineiros, muitos skippers, motores, salva-vidas, restauro, espectáculos, empresas de todo o tipo de serviços, electricidade, e que agora decidiram pagar a fortuna que custam as dúzias de certificados e cursos da escola náutica e da autoridade para voltarem a tentar a sorte no mar, clarificando, na marinha mercante. é que aqui há sempre trabalho.

(a danadice é que dificilmente são aceites pelas empresas pessoas que não embarcaram nos últimos cinco anos. não é só a papelada: é preciso experiência. e para a ter, é preciso começar do início. os regressados andam de empresa em empresa a pedir para embarcar os seis meses ou o ano que são necessários para terem o tempo e os papéis precisos para partir para o mar internacional. grandes empresas, plataformas, etc. aí ganha-se bem mas também se amarga um bocado).

e de novo: que abismo de diferença entre os antigos homens do mar - quase todos sem endereço email - mestres no manejo de cabos e nos estados do mar; e estes novos candidatos, mestres no safanço em terra. tecnologia, viagens, contactos, negócios. provincianos uns e do mundo outros. talvez em dez anos se consigam unir as duas caras marítimas. se assim fosse, o mar teria hipóteses de voltar a ser navegado.