light gazing, ışığa bakmak

Sunday, June 8, 2014

'When I saw you', Annemarie Jacir





Jordan, between November 1969 and September 1970 by Jean-Luc Godard and Jean-Pierre Gorin:











a sessão começou atrasada e a enormidade de lugares cheios, por um lado, e de salamaleques e de pessoas de instituições com direito a lugar reservado mostravam logo que isto não era uma organização Paulo Branco onde há mais inesperados, mais filmes e menos etiqueta. o s. jorge pertence à egeac.

na fila em frente onde eu me encontrava sentou-se, dez minutos depois da hora prevista de início da sessão, o embaixador da Palestina e mais três pessoas que o acompanhavam. depois das luzes se terem apagado sentaram-se ainda mais pessoas a formar uma barreira entre eles e o corredor. à entrada do S. Jorge, os automóveis da embaixada com os motoristas em espera, um polícia armado no passeio e, julgo, bastantes seguranças. este país não vive definitivamente em paz e olha constantemente para trás do ombro, mesmo num domingo na avenida deserta. um sufoco.

antes do filme, o embaixador disse umas palavras em inglês: nós, espectadores, vamos conhecer esta história e ver este filme que para ele, embaixador, não é uma história mas as suas próprias recordações de rapaz. também ele viveu num campo, também ele foi expulso da Palestina, também ele foi e é exilado como a maioria do seu povo. apontou o dedo às instituições internacionais de então que estabeleceram o estado de Israel e às de hoje que permitem ainda a contínua ocupação israelita.

na história, revolução alia-se à luta pelo território, os freedom fighters e o povo. foi uma mistura explosiva que acarretou a imensa perseguição da guerra fria. a realizadora, tão jovem, Annemarie Jacir (que vê a Palestina da sua janela jordana mas que não a pode visitar sequer) conta uma história dignificante, utilizando os meios próprios dos filmes dignificantes, por exemplo histórias de crianças sob ocupação nazi, a resistência das mães em países da europa ocupados. se o vocabulário técnico é reconhecido e comum, o conteúdo é contrário aos 'nossos' lugares-comuns'. o espectador identifica-se com as personagens, mãe e filho. a criança foge do campo e treina para ser fedaeen, freedom-fighter, com um grupo de guerrilheiros que treinam num mato jordano. compreendemos, sentimos empatia pelos homens, pelo seu propósito, pela sua 'missão'. um idealismo rosado para a realidade do que conhecemos e sobretudo para o resultado. hoje sabemos que todos eles foram mártires, incluindo o seu líder Arafat, que vemos no filme em jovem, prometendo luta. o século de todos os ideialismos, o passado, para acordarmos na triste realidade actual.


gostei de conhecer Annemarie, quero ver mais dela, outra cara de um cinema que ultrapassa de longe a triste "indústria", Annemarie, Elia Suleiman.

sabemos que Lisboa é amiga da Palestina, isso sabemos e vemos, e por isso também gosto tanto desta cidade.

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