light gazing, ışığa bakmak

Saturday, July 26, 2014

praline

com os dedos dormentes com a vontade de clicar e de andar por aí. quando andar não é possível vou murchando como os vasos de plantas que encharquei com medo que morressem e acabo por afogar tudo (as barreiras de nova orleães na horta da cozinha e o furação fui eu). vou fazer praline de amêndoa. branquear as amêndoas, torrá-las. dourar açúcar, 1 chávena, com 1/3 água e um pouco de creme tártaro e quando estiver da cor certa deitar-lhe as amêndoas, deixar arrefecer e partir, o caramelo de amêndoa para oferecer, a quem, a quem.
é preciso ir ao cinema, antes que não seja possível ir ao cinema e enquanto o Ideal não abre (vou lá parar todos os meses, já sei. e então no inverno, porque é perto da rosa pomar e nessa altura ando dada às agulhas). Ozu está no Nimas todos os dias, mas não se diz até quando. no monumental (que já não é, agora é só outro shopping), Omar e a Beauvoir. quis ir com os miúdos mas é impossível: ou matanças cretinas, ou comédias românticas cretinas ou nada, não há mais nada. é difícil convencê-los para a animação, já estão crescidos, querem "acção". "acção" quer dizer matança naquela lógica norte-americana da idiotice armada e na pior lógica europeia do consumo do refugo norte-americano. (diz que os árbitros começam a ser uma geração de celibatários).
mais um livro largado no meio, um livro genial que exige mais de mim do que um meio café à pressa. Imre Kertész, o escritor de Auschwitz. fala como Beckett, mas suponho que o campo de Beckett estava dentro da sua própria cabeça. na loja tirei um Tabucchi - a baixo preço, a ironia - e estou em campo aberto, é como voltar a casa e estar confortável no sofá. que prazer, ler Tabucchi.
vou estar entre o gato e os vasos que tentarei salvar do seu dilúvio. na net, que me cansa, as fotos de algumas mulheres de meia idade com caras 'marotas' que tratam os que pretendem conquistar com a sua coquetterie por 'amigos', ou 'meu querido amigo'. e é um pouco triste.
a coisa terrível que isto é: uma cidade rodeada por muros, isolada, de onde não se pode quase sair e onde quase não se pode entrar. controlada por todos os meios de vigilância electrónica e sem o ser. agora há robots a voar. em portugal usamos-los para sobrevoar ondas e praias, por vezes rios e canoístas, por vezes cidades. 'lá', usam-nos para dizer: dispara para ali e alguém de uma sala dispara para ali.  há uma coisa: desde que uma criança seja morta, seja quem for está errado. por uma criança morta, há vários criminosos adultos.  nem acredito na verdade, absoluta ou não, mas isto sei que é verdade. está calor e os miúdos enchem-se de preguiça, gostam de jogar os jogos aos tiros, eu preferia uma sesta e ler Tabucchi. talvez faça praline.



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