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Friday, June 26, 2015

quinta da ribafria (2)

triste ver os maus tratos que a câmara de sintra tem imposto à quinta. para que a comprou? um conjunto de ideias peregrinas infelizes, total falta de respeito e conhecimento, a construção de um pavilhão de décima categoria que destruiu as cavalariças e que apesar de ter um par de anos está mais a cair do que a torre altaneira. primeiro usam a quinta para "eventos", essa grande treta. depois como desculpa para a escola do património, outra treta já que o que restauraram foi meia dúzia de estátuas (?), depois como local para depositar uma série de estátuas não queria dizer mas são horrendas e finalmente, como se tudo não bastasse, como circuito de manutenção (!) com umas máquinas de exercício no que deveria ser um pomar de árvores de fruto. tristeza.

aqui, um trabalho excelente sobre os Ribafria e sobre esta família. absolutamente a ler.

um excerto:

O Palacete Ribafria na Vila, chamado «do Marquês de Pombal»: «A Casa dos Ribafrias,
exemplo da transição do gótico para a época renascentista, foi concluída em 1534 por Gaspar
Gonçalves de Ribafria, Alcaide-Mor de Sintra. Embora posteriormente tenha sofrido obras de
beneficiação que lhe alteraram bastante o aspecto primitivo é, mesmo assim, um bom exemplo
dessa época de transição, conservando ainda, no átrio, uma abóbada gótica com nervuras apoiadas
sobre mísulas. Esse átrio abre para um pátio interior por meio de dois arcos redondos que repousam
sobre colunas com capitéis trabalhados, já de feição italianizante.

Toda esta zona é obra de 1534, data que aparece numa inscrição do capitel da coluna central,
de grande interesse por revelar também o nome do mestre da obra - Pedro Pexão: «Esta obra fez
Pêro Pexão no anno de myl e quinhetos e xxxIII anos». Do pátio parte para o andar nobre uma
escadaria precedida por outro átrio também abobadado. No piso superior é evidente a importância
crescente da arte renascentista - nas janelas, principalmente a que conserva o seu balcão com
balaústres, na colunata, formando galeria, e na fonte. Esta zona é, certamente, mais tardia, e deve
datar já de meados do séc. XVI. Interiormente, embora remodelada, a casa conserva como motivo
de maior interesse uma sala ladrilhada em cujo extremo se levantam três arcos assentes sobre
colunas de mármore com capitéis coríntios, constituindo uma bela loggia ao novo estilo italiano, e
na qual se destacam os dois medalhões com bustos, muito característicos da arte renascentista,
então introduzida em Portugal por escultores franceses. Ao centro uma bela fonte também
renascentista, num tipo que também depressa se generalizou no País, acabando por criar
imponentes fontanários públicos».

A Torre-Solar de Ribafria, na Várzea de Sintra: «Uma das mais importantes que se
construíram no Centro do País durante a primeira metade do século XVI, o Solar de Ribafria devese
a Gaspar Gonçalves de Ribafria, Alcaide-mor de Sintra - que já erguera outras casas na vila - a
quem D. João III concedeu carta de brasão de 1541, e na qual já se encontra a designação de Casa e
Torre de Ribafria. Trata-se portanto de construção um pouco anterior àquela data. Quanto à planta,
composição de alçados e volumes arquitectónicos, é um magnífico exemplo da tradição saída da
Idade Média - casa e torre - e na regularidade dos volumes, no equilíbrio, na profusa fenestração e
em certos pormenores da decoração – particularmente nas janelas de fino colunelo ao centro,
regulares e bem espaçadas - revela claramente a importância da transformação operada pela arte
renascentista vinda de Itália. De facto, o esquema já familiar da casa adossada à torre, e que provém
da época medieval, sofre em Ribafria um tratamento duma elegância nunca atingida pelas casas
dessa época passada. A fenestração é realizada de maneira sábia e, por outro lado, mostra bem a
crescente exigência de conforto. Apenas o piso térreo, ou cave, conserva aberturas que lembram
frestas medievais. Em toda a frente da casa, porém, o tanque surge como elemento inovador, para
refrescar a residência e irrigar terrenos.

Casa e Torre completam, para a retaguarda, um recinto fechado com alto muro ameado que
abriga um pátio de entrada, semelhante a outros empregados na arquitectura local - por exemplo no
Palácio Real - e onde se destaca uma fonte renascentista com pequena cúpula assente sobre colunas.
A Casa de Ribafria foi restaurada há alguns anos. Existe ainda um desenho - publicado por
Anselmo Bramcaamp Freire in «Brasões da Sala de Sintra» - e que revela o estado do edifício no
final do séc. XIX, inícios do séc. XX».

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Sintra tem tido um imenso azar com os inúteis presidentes de câmara. não vejo que a situação tenha mudado: interesse próprios e partidários, falta de visão e de qualquer vontade, clientelismo, amiguismo, jogos políticos e total desinteresse pelo concelho e pelos seus habitantes, falta de pensamento, de sentimento e de acção.

não fosse o excelente director da parques de sintra, que ainda por cima agora saiu, e tudo estaria (continuaria) na ruína em que se encontra este palácio. vá que as pessoas que aqui vivem têm amor à terra e empreendem.

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ora veja-se:

"A Quinta de Ribafria, adquirida em 2002 pelo município, foi durante anos propriedade do IPSD-Instituto Progresso Social e Democracia (actual Instituto Francisco Sá Carneiro) e funcionou como "retiro" social-democrata durante os governos de Cavaco Silva."

desprezo.

se mais não fosse, seria um bom exemplo da "democracia" a que estamos sujeitos e da total falta de respeito pelo passado que é de todos:


"A ideia é transformar [a Ribafria] num belíssimo Grande Hotel, aproveitando as antigas instalações do IPSD, que devem dar cerca de 30 quartos, e o próprio palácio", com mais 16 quartos, até um máximo de 50, admitiu o autarca, Basílio HOrta, em julho na Assembleia Municipal de Sintra (AMS).

A histórica quinta no Lourel, cuja casa e torre foram edificadas no século XVI, pertenceu à família Mello e foi vendida em 1988 à Fundação Friedrich Naumann, através do IPSD, devido a condicionalismos para investimentos germânicos no exterior. A fundação alemã, segundo transcrevia o Público, retirou-se de Portugal na década de 1990 e os dois terrenos em Sintra que compõem a propriedade, no total de 13,3 hectares, acabaram vendidos a uma sociedade imobiliária de João Vale e Azevedo, ex-dirigente do Benfica.

O IPSD conseguiu a anulação judicial da venda, alegando que Vale e Azevedo tinha efectuado "negócio consigo próprio", em vez de transferir a quinta para o seu verdadeiro dono, a fundação alemã. O Instituto Português do Património Arquitetónico (IPPAR) recusou, em 2001, exercer o direito de preferência sobre a Quinta da Ribafria - opção legal nos imóveis classificados -, mas a Câmara Municipal de Sintra aproveitou para comprar a quinta por 2,1 milhões de euros."

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voltando a Gaspar Gonçalves Ribafria:

Natural de Sintra, do Lugar de Ribafria, na Freguesia de Santa Maria.1

Foi Cavaleiro da Ordem de Cristo, durante muitos anos prestou bons e contínuos serviços ao Rei D. Manuel I de Portugal e, também, a seu filho D. João III de Portugal, com muitos trabalhos e vigílias e com toda a lealdade, fidelidade e amor. A este soberano serviu em outras coisas de grande importância para a sua Casa, procedendo sempre como homem bom e virtuoso, pelo que o Rei D. João III o fez Fidalgo de Cota de Armas e de Solar, removendo-o do número geral e conto dos homens plebeus, reduzindo-o e pondo-o no conto e estimação dos nobres fidalgos, lhe deu por Apelido para ele e seus descendentes o de Ribafria, determinou que a Torre e Quinta chamada de Ribafria, com todo o seu anexo, em São Martinho, Sintra, fossem Solar e Morgado da Família, cujo Vínculo ele instituíra em 1536, e concedeu-lhe Carta de Armas Novas, que são: de verde, com uma torre de prata, lavrada de negro, coberta de xadrez de ouro e de azul, ladeada em chefe de duas estrelas de seis raios de ouro, e assente numa ribeira de prata, ondada de azul; timbre: um leopardo de azul, com uma estrela do escudo na espádua.

da wiki.

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