light gazing, ışığa bakmak

Wednesday, December 2, 2015

será de mim ou














Sintra deixa de ser Sintra a cada semana que passa, poucos dias um ano dois e frente às mesmas casas mudou tudo. a volta ao duche enche-se de vendedores de rua, bric à brac, quinquilharias, uma idosa que tricota, indianos, a todos os dias e não só os de semana. os moradores foram morrer longe, alguns poucos resistem dentro de casa como se estivessem dentro de muralhas enquanto o inimigo investidor turístico aguarda mantendo o cerco. há ginjinha de Óbidos, porto do Porto, sardinhas supostamente de Lisboa, cortiça do Alentejo e enchidos, bordados de várias localidades, estamos assim no lugar comum da lembrança e do tipico. tudo menos o que era dali mesmo de Sintra. tão longe o meu desejo de ali estar e continuar a história que agora se acaba e se dilui em selfies internacionais, canon e nikon, hamburguers, hotdogs, saladas e gelados. os parques da minha infância com a sua luz melancólica, de abandono (hüsün) e solidão, brilham novinhos em folha, bilhete de adulto dez euros. há ecrãs luminosos serra acima, parques e automóveis por todo o lado, subíamos a pé pelos atalhos, tudo gradeado, bilheteiras, cafetarias, postais e um enxame de hoponhopoffs, autocarros, tuctucs, segways, comboios turísticos. um mont de saint michel, uma janela de julieta, um parque güell, é tudo a mesma coisa. e isso é mau?

quem dera à babilónia o mesmo destino.

No comments:

 
Share