light gazing, ışığa bakmak

Tuesday, December 13, 2016

I Daniel Blake

li algumas críticas que se lançavam ao conteúdo claramente político, de esquerda. tenho dificuldade em entender essa objecção a uma história. os filmes de série b e as sérias de terceira categoria ostentam esse sinal proibido do passado, a moral da história. o mesmo pecado não é aceite no contexto do cinema de qualidade, ou não seria, mas porquê?

Daniel Blake é um carpinteiro viúvo, honesto, que sofreu um ataque cardíaco. o médico proíbe-o de trabalhar enquanto não recuperar, com descanso e exercício, como lhe dizem os fisioterapeutas. empurrado para um limbo: não consegue receber subsídio de desemprego porque não está desempregado nem subsidio de invalidez pois a funcionária do estado que o entrevista considera que está apto para trabalhar. esse limbo burocrático é a vergonha dos estados ocidentais que prometeram e tentam a todo o custo não o fazer. as filas para as entrevistas, os procedimentos, as visitas obrigatórias, os carimbos das entrevistas, o cursos obrigatórios e sem sentido. lá como cá, quem cai nas malhas do sistema é reduzido ao número mais insignificante possível, um pedinte do estado. tratamos os desprotegidos dos nossos estados como tratamos os animais.

kafkiano, uma espécie de palhaço triste, uma comédia trágica, um belo filme. recomendo.


sobre este filme, O Lápis já não é o que era, uma artigo de António Bagão Félix, uma pessoa pública com quem simpatizo bastante.

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